Com vídeos tutoriais, professores e alunos tentam facilitar acesso às aulas. Na zona leste da capital, releitura de obras é opção
Arquivo Pessoal
Por: Danielle Lobato
Notícia
Publicado em 18.08.2020 | 18:58 | Alterado em 27.02.2024 | 16:22
Cinco meses após a suspensão das aulas presenciais para conter a transmissão do coronavírus, alunos e professores têm buscado outras formas de abordagens na educação.
Enquanto as dúvidas sobre às voltas aulas presenciais prosseguem e estudantes vivem dificuldades para ter aula em casa com as dificuldades de acesso à internet, alguns educadores e alunos têm buscado formas de apoio.
Mônica Cíntia Nascimento, 35, é professora de educação digital na escola municipal Henrique Felipe da Costa, no Itaim Paulista, extremo leste de São Paulo. Ela encontrou uma forma de continuar a ensinar à distância com a produção de vídeos tutoriais.
Desde o começo, o acesso às atividades era por meio de uma plataforma virtual, mas gerava muitas dúvidas. “Passava o dia todo respondendo perguntas e auxiliando estudantes e familiares de como usar”, diz Mônica.
Por conta da dificuldade, a professora sugeriu a gravação de tutoriais. Pediu ajuda dos estudantes do Imprensa Jovem – um projeto da Secretaria Municipal da Educação, em que alunos fazem entrevistas e vídeos.
Os alunos ficaram responsáveis por ajudar os demais colegas e familiares a realizarem o acesso à plataforma. Os tutoriais são rápidos e objetivos para não consumir os dados de internet dos estudantes.
Foi elaborado um roteiro com as informações que não podem faltar nos vídeos; os alunos realizam as gravações de casa, e Mônica finaliza com as edições.
Luckas Lopes, 14, Davi, 13, e Ricardo Santiago, 14, participam da produção. “Os tutoriais ajudaram muito, principalmente, os pais que não tem o costume de mexer na internet e também os estudantes que não tem acesso ao computador”, conta Luckas.
Na escola municipal Gilmar Taccola, na Vila Carrão, zona leste, a professora Giovanna Oliveira, 36, também teve a mesma iniciativa com os vídeos tutoriais. Carlos Costa, 13, e Carolina Novaes, 12, são responsáveis pela produção de conteúdo na escola.
“Quando outros alunos tem alguma dúvida, eles me chamam no Whatsapp e nós auxiliamos. Gravamos um vídeo sobre o coronavírus para ajudar os professores na aula e também os moradores do bairro”, contam os estudantes.
OBRAS DE ARTE
No caso das professoras de artes Maria Conceição, 57, e Silene da Silva, 50, a ideia foi criar uma atividade com os alunos em que foram recriadas obras de arte famosas à distância por meio de fotografias.
“Os alunos já estavam acostumados a fazer releitura de obras usando materiais de desenho, pintura e até com pequenas esculturas, mas essa didática era toda presencial”, conta Silene.
Além da atividade prática, as aulas exploram o conceito do que é releitura, quais são os elementos objetivos (ao olhar uma imagem) e subjetivos (que dependem da interpretação individual) de uma obra de arte, além da iniciativa de se reinventar.
As professoras contam que se surpreenderam com a experiência, principalmente, com as crianças do ensino fundamental. Desde a preparação da aula até os resultados apresentados. “Eles estavam fantásticos. O melhor foi que as famílias também interagiram com a atividade”, ressalta Silene.
Elas explicam que qualquer pessoa pode encenar uma pintura. Pois assim é possível trabalhar questões da obra, da criatividade, ao utilizar o que tem dentro de casa, além da própria expressão corporal.
“Para encenar uma obra do Romero Britto eu falei para o meu filho usar um pijama colorido. Ele adorou a ideia e o resultado ficou fantástico”, conta Elaine Caramelo, 40, mãe do Enzo, 8. “Depois da foto feita, meu esposo foi o responsável por modificar o fundo para que ficasse o mais parecido possível”.
Quem também usou de um recurso digital para fazer a obra foi o Yan Felipe Miyamoto, 12, com a releitura da obra O Grito de Van Gogh. “Usei uma camiseta marrom, fiz a pose do personagem e meu pai alterou o fundo”.
Sobre a participação da família na releitura isso foi o que mais animou a aluna Débora Silva de Jesus, 11, com a obra Madona do Peixe de Rafael Sanzio. Ela teve ajuda dos irmãos e pais.
Na obra renascentista, a aluna está usando um vestido da mãe, com uma boneca na mão, ao lado está o irmão com uma barba falsa e uma bíblia, que encena o livro da obra e a sua irmã que está a sua frente.
“Gostei muito de fazer, pois todo mundo participou. Foi bem legal. Se as professoras pedissem pra fazer mais eu faria”, diz Débora Silva.
Jornalista, sagitariana com ascendente em lanches. Mãe de pet, viajante e apaixonada pela vida. Correspondente de Itaim Paulista desde 2016.
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