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Prometido para 2020, bonde elétrico de Doria é abandonado por gestão Covas

VLP integra projeto de revitalização do centro de SP e circularia por Parque Dom Pedro, estação Júlio Prestes, Largo do Arouche e Theatro Municipal

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Por: Redação

Publicado em 08.04.2019 | 14:44 | Alterado em 08.04.2019 | 14:44

Tempo de leitura: 4 min(s)

Em 2017, o então prefeito João Doria (PSDB) recebeu do setor privado um ambicioso projeto de recuperação do centro da capital. Tratava-se do “Centro Novo”, iniciativa bancada pelo Sindicato da Habitação (Secovi-SP) e assinada pelo renomado arquiteto Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba.

Na ocasião, Doria prometeu que o carro-chefe do projeto, o VLP (Veículo Leve sobre Pneus) do centro, seria entregue até 2020. No entanto, a gestão Bruno Covas (PSDB) parece ter abandonado a iniciativa.

O VLP seria uma espécie de “bonde elétrico sobre rodas”, que circularia no centro histórico de São Paulo, unindo pontos icônicos, como o Parque Dom Pedro II, a estação Júlio Prestes, o Largo do Arouche e o Theatro Municipal.

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Traçado proposto para VLP (Divulgação/Prefeitura de São Paulo)

As duas linhas, uma no sentido horário e outra no sentido anti-horário, teriam juntas 12,8 km de extensão e 38 paradas. Na época, a Prefeitura chegou a afirmar que veículos circulariam sem cobradores e teriam cobrança de tarifa via celular.

O custo de implementação do VLP foi orçado em R$ 300 milhões. Seria a primeira entrega do “Centro Novo”, que também previa criar bulevares, áreas de convivência e “edifícios icônicos” na região em até oito anos.

Porém, após a renúncia de João Doria, em 2018, a nova gestão não se mobilizou para viabilizar o projeto.

Por telefone, a assessoria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano não soube informar se o VLP sairia do papel. “Acho a ideia que foi engavetada, mas não tenho certeza”, disse uma assessora.

Para Lucas Petrocino, coordenador do Entre:FAUs, coletivo que reúne estudantes de arquitetura, urbanismo e planejamento territorial de São Paulo, o projeto “Centro Novo” foi apenas um golpe de marketing.

“É importante observar que o ‘Centro Novo’ como um todo não contempla qualquer discussão mais profunda com a sociedade, com a população que habita o centro, e que não é apenas restrita a uma classe social elevada”
Lucas Petrocino, coordenador do Entre:FAUs

“O projeto foi mais um slogan da gestão Doria, especializada em marcas e frases de efeito midiático, e seguiu a linha de outros fracassos retumbantes, como o ‘Cidade Linda’”, emenda.

PROJETO ANTIGO

A ideia de construir um Veículo Leve sobre Pneus não é nova na cidade. Em 1996, o então candidato à prefeito Celso Pitta (PPB) venceu a disputa eleitoral tendo como principal proposta a construção de um VLP, o Fura-Fila, que em uma primeira fase ligaria o centro até o Sacomã, na zona sul, e posteriormente seguiria até São Mateus, na zona leste.

As obras da primeira fase do Fura-Fila foram iniciadas em 1997, mas abandonadas ainda na gestão Pitta. Os seus sucessores, Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB), desistiram da ideia de construir o VLP e o substituíram por um corredor BRT, o Expresso Tiradentes, que só veio a ser inaugurado por Gilberto Kassab (DEM) em 2007, dez anos após o início das obras.

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Também em 2007, a segunda fase do Fura-Fila de Pitta foi repassada ao governo estadual e convertida em outro meio de transporte, o monotrilho da linha 15-Prata do Metrô. Ainda hoje o monotrilho não chegou até São Mateus, bairro que encerrava o trajeto proposto pelo VLP.

Para Lucas Petrocino, a inserção de um bonde moderno no centro da capital paulista se assemelha ao projeto do VLT Carioca (Veículo Leve sobre Trilhos), implementado como indutor da requalificação urbana do centro do Rio de Janeiro.

“O Brasil já experienciou projetos tendo bondes modernos como ‘indutores’ de grandes projetos urbanos, como no caso do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro”, afirma o coordenador do Entre:FAUs.

“O resultado foi uma debacle completa da região portuária carioca, completamente desfigurada por desapropriações, projetos que não foram levados adiante, instalações temporárias que mais contribuíram para formar um palco de espetáculo do que para efetivamente solucionar problemas das comunidades pobres que moravam no entorno”, lembra.

OUTRO LADO

Após o fechamento da matéria, a assessoria de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SMUL) enviou a seguinte nota, retificando seu posicionamento:
“Trata-se da Implantação de um novo modal de transporte público,  que funcione como linha circular na região da Luz, articulando os principais equipamentos e marcos referenciais da região, com destaque para Theatro Municipal, a Praça da República, a Pinacoteca, a Sala São Paulo, entre outros.
As ações estão sendo ajustadas com as secretarias envolvidas alinhadas a um amplo processo de transformação do centro que inclui também diversas outras ações como a recuperação dos calçadões do Vale do Anhangabaú, o resgate de atividades econômicas, culturais e o incentivo à requalificação de edifícios e terrenos abandonados”.
No dia 28 de março, tal nota já havia sido encaminhada como resposta ao seguinte questionamento do 32xSP: “Vocês poderiam informar em que pé está o projeto [do VLP], e se há previsão para ele sair do papel?”. Porém, como o texto trata genericamente sobre as ações do projeto Centro Novo, e não informa sobre o andamento específico da implementação do VLP, decidimos então utilizar apenas a resposta dada ao mesmo questionamento, por telefone, no dia 27 de março.
E como a nota enviada pela SMUL afirma que “as ações estão sendo ajustadas com as secretarias envolvidas”, o 32xSP enviou o mesmo questionamento à Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT), que por sua vez, não nos respondeu, e encaminhou nosso e-mail para a assessoria de Comunicação da SMUL.

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