APOIE A AGÊNCIA MURAL

Colabore com o nosso jornalismo independente feito pelas e para as periferias.

OU

MANDE UM PIX qrcode

Escaneie o qr code ou use a Chave pix:

[email protected]

Agência de Jornalismo das periferias

Isabella Milena/Agência Mural

Por: Isabella Milena

Notícia

Publicado em 09.08.2025 | 8:53 | Alterado em 12.08.2025 | 11:20

Tempo de leitura: 3 min(s)

Há mais de 13 anos, o Santa Fé Hunters movimenta a quebrada do Grajaú, na zona sul de São Paulo, por meio do basquete. À frente da iniciativa está Maickon Jhons Serra, 39, mais conhecido como “Tio Maick”, professor de educação física e idealizador do projeto.

Maickon nasceu em Ilhéus, na Bahia, e chegou a São Paulo ainda criança, aos dois anos de idade. Cresceu no Jardim Santa Fé, região do Grajaú, e conta que, na época da adolescência, não tinha nenhuma opção de lazer no bairro.

Maickon Johns, conhecido com ‘Tio Maick’ idealizador do projeto Santa Fé Hunters @Isabella Milena/Agência Mural

Aos 17 anos, descobriu o basquete por acaso e nunca mais parou de jogar. Motivado pelo esporte, entrou na faculdade de educação física e, em 2012, ao lado de amigos, com quem jogava, decidiu fundar o Santa Fé Hunters.

‘Meu sonho era mudar a realidade do meu bairro, criando algo diferente para os jovens, algo que eu não tive quando era jovem’

Tio Maick, professor de educação física e idealizador do projeto

O projeto começou de forma simples, com apenas três alunos reunidos na quadra da Escola Estadual Doutor Christiano A. Silva. Com o passar do tempo e o crescimento da iniciativa, a quadra passou a ser usada exclusivamente por eles.

O nome Santa Fé Hunters surgiu da paixão de Maickon e dos amigos pela NBA, principal liga profissional de basquete dos Estados Unidos e do mundo.

Jovens na aula de basquete do projeto @Isabella Milena/Agência Mural

Eles pensaram em nomes inspirados na tradição dos times norte-americanos, com o bairro onde vivem e um nome forte de luta. Santa Fé, que é o bairro, e Hunters, que é traduzido do inglês e significa caçadores.

Na rotina dos treinos, as turmas de crianças e jovens são divididas por níveis: escolinha (7 a 10 anos), iniciante (11 a 18 anos) e intermediário (13 a 18 anos). As aulas acontecem às terças, quintas e sábados, nos períodos da manhã, tarde e noite.

A jovem Isadora Maria de Jesus Souza, 15 anos, moradora do bairro Chácara do Conde, conheceu o projeto em um momento desafiador de sua vida. Enfrentava períodos de ansiedade e, ao conversar com um professor na escola onde estudava, recebeu a sugestão de praticar um esporte para aliviar as tensões.

Decidiu iniciar no basquete, encontrando no esporte uma forma de cuidado com sua saúde física e emocional. “Foi um recomeço. Descobri um potencial que nem sabia que tinha e me senti muito acolhida participando das atividades”, afirma. Atualmente, joga na posição de pivô e integra o time sub-15 do Corinthians.

Isadora Maria começou no Santa Fé Hunters e atualmente é pivô do sub-15 do Corinthians @Isabella Milena/Agência Mural

Outro exemplo é Jeferson Vieira, 22, morador do Grajaú e professor de educação física. Ele conheceu o projeto aos 12 anos, por meio de um vizinho, e logo começou a jogar profissionalmente.

Aos 17, já acumulava experiência em clubes como Hebraica São Paulo, Athletico Paulistano e Mackenzie (MG), e ao iniciar a faculdade de Educação Física, foi convidado para integrar a equipe de educadores do Santa Fé Hunters.

Ao relembrar a época em que era adolescente e treinava no projeto, ele conta que aprendeu cedo a importância de investir na educação e buscar qualificação para crescer como pessoa.

‘Sempre incentivamos os estudos. Mesmo quem não se torna atleta, cresce muito como pessoa. O esporte ensina demais’

Jefferson, educador no Santa Fé Hunters

A iniciativa também contempla quem já passou da juventude. Criado em abril de 2024, o grupo “Jovens de Espírito” reúne adultos em horários alternativos para garantir que mais pessoas, principalmente mulheres, possam praticar esportes e cuidar da saúde.

Jefferson, morador do Grajaú é educador no projeto @Isabella Milena/Agência Mural

Muito além das quadras

Atualmente, cerca de 250 pessoas participam das ações anualmente. Tio Maickon contabiliza que já impactou mais de 7 mil pessoas, entre crianças, adolescentes e adultos.

“Hoje, 13 anos depois, me sinto realizado por ver o projeto se tornar uma referência para muitas comunidades”, diz Maickon.

As senhoras também praticam o esporte junto com os adolescentes @Isabella Milena/Agência Mural

Além das atividades esportivas, o projeto também oferece cursinho pré-vestibular e mantém uma biblioteca comunitária.

Para Maickon, o objetivo principal nunca foi formar atletas profissionais. O foco está no desenvolvimento pessoal e no impacto que o esporte tem em várias áreas da vida. “Queremos formar pessoas melhores para o mundo. O basquete é um dos meios para essa evolução”.

No caso de quem deseja seguir carreira como atleta, ele destaca a importância da disciplina e do foco nos treinos, além do desempenho escolar.

“A gente incentiva que eles treinem, sim, mas também que se conscientizem sobre como a dedicação aos estudos e a presença na escola são muito importantes para atingir objetivos e realizar sonhos.”

receba o melhor da mural no seu e-mail

Isabella Milena

Jornalista, produtora audiovisual e fotógrafa independente. Apaixonada por música, rolês culturais e viagens.

Republique

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.

Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.

Envie uma mensagem para [email protected]

Reportar erro

Quer informar a nossa redação sobre algum erro nesta matéria? Preencha o formulário abaixo.

PUBLICIDADE