Após dois anos parada por conta da pandemia de Covid-19, a Taça das Favelas São Paulo começa neste sábado (30) no Centro Esportivo da Vila Manchester, no Carrão, zona leste da capital. Ao todo, serão 128 times, sendo 96 masculinos e 32 femininos. As finais estão previstas para 8 de outubro e, neste ano, ocorrerão em um local inédito segundo membros da organização: a Neo Química Arena, estádio do Corinthians. Ainda haverá uma competição nacional, o Favelão.
O jogo de abertura dos garotos será entre times da zona norte. A favela da Marcone encara a favela Zaki Narchi a partir das 8h neste sábado.
Pelo lado das mulheres, o pontapé inicial será em 20 de agosto entre o complexo Vila Clara, da zona sul, e a favela Ponte Alta, de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Para este ano, o evento terá novidades no calendário. A final masculina e feminina terá transmissão ao vivo em TV aberta, pela Rede Globo. Em 2019, na primeira edição da Taça em São Paulo, apenas os garotos passaram no canal e a favela do Complexo Parque Santo Antônio, da zona sul, foi a grande campeã.
Já o Complexo da Casa Verde, da zona norte, levantou o troféu do torneio feminino.
Peneiras
Antes do torneio começar, foram feitas peneiras nas comunidades. Os times femininos não têm limite de idade para participar, desde que as jogadoras tenham pelo menos 15 anos. Já para os masculinos, são permitidos jovens entre 14 e 17 anos.
Inara Teixeira, de apenas 13 anos, não pode participar do campeonato ainda, mas já estava treinando com outras jogadoras na Vila Clara, na zona sul de São Paulo.
O pai dela, Anderson Teixeira, 43, incentiva a filha. “Futebol é a maior ferramenta de inclusão social do mundo. Mesmo que a Inara não se torne uma jogadora, a intenção é que ela se mantenha em grupo”, diz.
Isabelle Batista, 18, participou da primeira edição da Taça das Favelas pela Vila Clara e disputará novamente este ano. Ela conta que o período de preparação durante o isolamento social pela Covid-19 foi difícil porque os treinos com a equipe foram cancelados, mas mesmo assim, treinava com o primo em um campo perto de casa.
Agora vai em busca novamente do sonho de se tornar uma jogadora de futebol profissional. “O futebol feminino precisa ser mais visto e ter mais oportunidades”, complementa.
Os jogos
As partidas serão disputadas em duas sedes até as finais. Além do campo da Vila Manchester, a bola também rola no Centro Esportivo Edson Arantes do Nascimento, no Alto da Lapa, zona oeste de São Paulo.
Em 2019, as finais do masculino e do feminino foram no estádio do Pacaembu. Porém, atualmente, o local está em reforma, o que levou a CUFA (Central Única das Favelas) a buscar um acordo para que a decisão seja na Arena Itaquera.
Todos os jogos serão em formato mata-mata e em dois tempos de 30 minutos cada. Em caso de empate, a decisão será nos pênaltis.
Interior e Brasil
A Taça das Favelas é organizada pela CUFA e Favela Holding, e produzida pela InFavela. Teve início no Rio de Janeiro, em 2012, e hoje estima-se que impacta aproximadamente 80 mil jovens em todo o Brasil.
Nesta edição, o evento será mais amplo. Na categoria masculina, haverá a inclusão das favelas campeãs do interior a partir das oitavas de final. No feminino, elas entrarão nas quartas de final. Também será feito um campeonato nacional entre comunidades chamado ‘Favelão’ em outubro e novembro.
Atualmente, a Taça das Favelas está presente em 22 estados do Brasil e os melhores jogadores de cada edição local representarão os seus estados nesta nova disputa. O Favelão 2022 será em São Paulo e as finais também passarão ao vivo na Globo.
Onde: Centro Educacional e Esportivo Vicente Ítalo Feola, Vila Manchester, na zona leste, e Centro Educacional e Esportivo Edson Arantes do Nascimento (Pelezão), na zona oeste
Quando: Entre 30 de julho a 8 de outubro
Horário de funcionamento: A partir das 8h