APOIE A AGÊNCIA MURAL

Colabore com o nosso jornalismo independente feito pelas e para as periferias.

OU

MANDE UM PIX qrcode

Escaneie o qr code ou use a Chave pix:

[email protected]

Agência de Jornalismo das periferias
Democratize-se!

Vereadores eleitos em SP gastaram mais de R$ 2 milhões com impulsionamentos nas redes sociais

Gastos foi mais do que a metade do que foi investido em santinhos; políticos também evitaram eventos públicos

Image

Por: Danielle Lobato

Notícia

Publicado em 17.12.2020 | 11:43 | Alterado em 18.01.2021 | 20:07

Tempo de leitura: 3 min(s)

“Sou candidato a vereador pela cidade de São Paulo, quer saber mais das minhas propostas? Arrasta pra cima!”. Esse tipo de mensagem foi comum durante a campanha eleitoral deste ano

Com a pandemia de Covid-19, a aposta de alguns dos vereadores eleitos foi impulsionar mensagens nas redes sociais. 

É o que mostra levantamento da Agência Mural sobre as despesas dos 55 candidatos que venceram a disputa eleitoral. Entre os parlamentares, 11 gastaram mais com anúncios em plataformas como o Facebook e o Google Ads do que com materiais impressos. 

O impulsionamento é quando você paga para que as plataformas levem a mensagem para mais usuários. Só os candidatos eleitos gastaram cerca de R$ 2 milhões com esse tipo de despesa. Já o custo com papelaria, como a impressão de santinhos, foi de R$ 3,6 milhões.

Morador da Penha, na zona leste de São Paulo, Júnior Sanches, 30, trabalha com a gestão de tráfego pago comercial e eleitoral nas redes sociais. 

Image

Apesar da sujeira no dia da eleição, parte dos novos vereadores apostou em redes sociais @Ira Romão/Agência Mural

Ele atua no gerenciamento de anúncios pagos online, ou seja, ele gerencia os investimentos dos clientes em campanhas patrocinadas no Facebook, Google e Youtube. Diz que quem trabalha com esse mercado precisa estar atento ao Manual de Legislação Eleitoral. 

“Tenho uma verba mensal que o candidato ou o comércio me passa, além disso, faço os relatórios das métricas do anúncio, determino o público alvo, subo a campanha”, explica Júnior.

Por meio de impulsionamentos, candidatos apresentaram propostas, mostraram feitos em outros mandatos, usaram depoimentos de eleitores, trouxeram conteúdos sobre política e até atacaram adversários o que é proibido pela legislação eleitoral propaganda patrocinada.

“Há muitas brechas na própria regulamentação e candidatos que atuam de maneira leviana seja por falta de conhecimento, orientação ou por vontade própria”, afirma Sanchez.

O gasto com esse tipo de ferramenta online mostrou uma mudança no comportamento dos políticos, em especial com a pandemia. Em comparação aos outros anos, nesta eleição, gastou-se mais com mídias digitais do que na produção de jingles, vinhetas e slogans. 

Devido à Covid-19, despesas com eventos e comícios de lançamento de campanha ficaram de fora da agenda da maioria dos vereadores. De acordo com a prestação de contas no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) apenas Milton Leite (DEM), João Jorge (PSDB) e Juliana Cardoso (PT) fizeram eventos. Os outros 53 vereadores eleitos não registaram esse tipo de despesa. 

Além do tráfego pago, 18 dos eleitos enviaram uma carta ao leitor pedindo votos. A soma do gasto é de R$ 840 mil. Dentre os concorrentes, Eduardo Tuma foi quem mais desembolsou com o recurso,um pouco mais de R$ 292 mil. 

CAMPANHA VIRTUAL

Dos 55 vereadores eleitos em São Paulo, quem mais empenhou dinheiro na ferramenta foi a candidata Cris Monteiro (Novo) um pouco mais de R$ 213 mil gastos com publicidade na internet. Enquanto, para materiais impressos o valor foi de R$ 15 mil.  O recurso recebido na sua campanha foi de R$ 360.185,71, ou seja, mais da metade foi aplicado só no Facebook e Google. 

Em contrapartida, Elaine do Quilombo Periférico (PSOL) ocupa a posição 45°, eleita com 22.742 votos, gastou apenas uma nota de R$ 50 nas redes sociais e R$ 686,25 com materiais impressos. 

ASCENSÃO DO TRÁFEGO PAGO

A transparência com esse tipo de gastos começou a ser aplicada há dois anos. Desde 2018, na campanha de deputados federais e presidente, Mark Zuckerberg lançou regras para o impulsionamento durante campanhas eleitorais. 

O advento foi uma resposta às denúncias envolvendo a eleição de 2016 nos EUA, quando Donald Trump foi eleito presidente. No Brasil, o impulsionamento só passou a ser aceito nas eleições de 2018. 

O anúncio que vai contra as regras é retirado da plataforma ou pode levar multa eleitoral que varia de R$ 5 mil a R$ 20 mil ou o dobro do investimento feito.  

O prazo para para os candidatos eleitos prestarem contas foi até 15 de dezembro, por sua vez os não eleitos e os diretórios políticos devem fazer a entrega no período de 7 de janeiro e 8 de março de 2021. 

receba o melhor da mural no seu e-mail

Danielle Lobato

Jornalista, sagitariana com ascendente em lanches. Mãe de pet, viajante e apaixonada pela vida. Correspondente de Itaim Paulista desde 2016.

Republique

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.

Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.

Envie uma mensagem para [email protected]

Reportar erro

Quer informar a nossa redação sobre algum erro nesta matéria? Preencha o formulário abaixo.

PUBLICIDADE