Léu Britto/Agência Mural
Por: Gabriela Carvalho | Guilherme Silva | Julio Sitto | Laiza Lopes | Leonardo Nunes | Livia Alves | Luis Antonio | Paulo Talarico | Raphaela Ribeiro | Thauane Blanche | Evellyn Torres | Jacqueline Maria da Silva
Notícia
Publicado em 04.12.2023 | 14:59 | Alterado em 05.12.2023 | 10:39
Adailton Matos dos Santos, 39, mora no Itaim Paulista, mas estava em uma praça da Penha no começo do mês de novembro. “Estou aqui procurando o WiFi grátis e não tem na praça”, conta o usuário, apesar de ali ser um dos endereços disponíveis com internet gratuita, segundo a Prefeitura de São Paulo.
“Frequento aqui bastante, mais por conta da história da praça, que é uma história bonita”, diz ele sobre o Largo do Rosário, um dos pontos importantes da história da população negra da capital. “Já há um tempo que o wi-fi não está funcionando. Há uns três meses funcionava, dava para usar até meia hora funcionando”, diz.
A situação vivida por ele também foi vista em outras praças da zona leste de São Paulo. Nas últimas semanas, a Agência Mural esteve em diversas praças nas periferias da capital para testar o uso do WiFi livre. Em parte uma boa notícia. Das 22 visitadas pelos correspondentes, mais da metade estava com o serviço em funcionamento, apesar de algumas terem oscilações.
Porém, em 31% delas, em especial na zona leste, o sinal não estava em funcionamento no momento em que a reportagem esteve no local.
O programa WiFi-Livre em São Paulo começou em 2014, com a ideia de “levar internet gratuita e de qualidade nas principais praças de cada distrito da capital”. As primeiras praças com o serviço foram na região central da cidade, mas o programa se expandiu para as periferias e chegou a 120 praças.
Contudo, nem sempre o serviço funciona. Na Praça da Conquista, na Vila Matilde, estava o gerente de negócios, Jaderson da Silva Proença, 37. Atualmente, ele não usa mais o serviço, mas lembra que havia limitação. “Já usei, faz tempo. É um período limitado de 30 minutos, onde você faz um login. Usei essa vez, mas agora tentamos usar e não funcionou.”
Outra região com falha de acesso foi em Cidade Tiradentes, no extremo leste. No dia em que a reportagem esteve na Praça do 65 / Pombas Urbanas, o serviço estava fora do ar.
“Faz 1 ano que eu não consigo usar o Wi-Fi”, afirmou Maria do Carmo, 48, moradora da região. “A Prefeitura precisa voltar a arrumar aqui porque quando todo mundo vem para praça, vem aqui e usa. Quando tem, né? Mas não tem fazer o quê.”
Ela lembra que chegou a usar o WiFi grátis para a maquininha de cartão, mas passou a usar uma com chip, após os problemas começarem.
A dona de casa Elizandra Bonifácio, 23, diz que passou a ter problemas quando trocou de celular. “Agora neste outro celular, não funciona. Nem das minhas amigas pega aqui. E antes, era muito rápido, que nem o do Terminal Novo. Você vai lá e já conecta rapidinho.”
A praça do Terminal foi um dos pontos com acesso disponível, visitados pela Agência Mural. Denise Oliveira, 28, conta que o serviço ajuda em momentos emergenciais. “Uma hora ou outra você precisa embarcar num [carro por aplicativo] ou você quer mandar uma mensagem e sua internet do chip está ruim, você está lá e utiliza.”
Ela frequenta a praça desde 2015 e diz que às vezes demora para conectar, mas dá certo. Cita também que é necessário passar os dados pessoais. “No começo não pedia dados como e-mail e outros. Mas como tem muita gente que vem aqui, pedem e-mail, número pra código de validação, essas coisas. Mas depois que colocou, já era.”
No caso de Erick Oliveira, 23, morador do Itaim Paulista, o WiFi do Parque Santa Amalia tem sido útil em momentos de dificuldade. Ele utiliza o serviço para conversar com amigos no fim de semana.
“O wi-fi aqui é muito bom e foi o que nos salvou essa semana que passou. Todo mundo em São Paulo sem energia e a internet daqui era a única que funcionava e isso ajudou muita gente”, relembra sobre os dias em que a capital passou por problemas de energias, após a ventania do dia 3 de novembro.
Próximo dali, na Praça Jaguamitanga, o serviço também estava funcionando. “Só quando chove que dá uma desestabilizada, mas ainda assim não dura muito tempo”, ressaltou Daiane, 30.
Em praças grandes como a da Rua Gregório Ramalho, em Itaquera, demora um pouco para conectar, mas funciona. Porém, a reportagem observou que a velocidade oscilava dependendo do ponto – ia de 16 mbps a 8 mbps a depender do local em que estava no espaço público.
Situações semelhantes foram vistas em outros espaços públicos de São Paulo, o que fazia com que as concentrações de pessoas ficassem em pontos específicos. Na zona sul, na Praça do Piraporinha, a velocidade saia de perto de 0 para 46 mbps.
Na região, a maioria das praças estavam com o WiFi grátis em funcionamento. Porém, no Parque Arariba, região do Campo Limpo, o wi-fi da praça muitas vezes não tem internet durante a noite: a conexão aparece, mas não carrega nada. Em alguns aparelhos não aparece o link de login para acessar.
A praça do Arariba é separada em 3 pedaços e em um deles o sinal é fraco ou quase não chega. As pessoas sabem que tem WiFi, mas não em que parte está localizada.
Na Praça Bacharel Fernando Braga Pereira da Rocha, no Jardim Miriam, o camelô Claudiel Conceição dos Santos, 47, utiliza a internet há um ano e meio para receber pix dos clientes que compram panos de prato. “A única coisa ruim é que quando passam 30 minutos, a internet cai e precisa reconectar”, comenta. “Se acontece algum desastre, tipo, o ônibus ou caminhão bate em um poste, aí fica desativado, mas é raro”, complementa.
O ambulante explica que algumas pessoas frequentam a praça inclusive para o uso, e que isso deveria existir em mais locais das periferias.
“Ajuda bastante, às vezes não tem condições de colocar crédito no celular. Então era bom, né? Se tivesse mais para dentro assim nas ruas as pessoas poderiam usar normalmente”.
A SMIT (Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia) afirma que “não há informações de falhas na conexão do WiFi e vai apurar a situação.”
Segundo a gestão, as praças Ciro Pontes, Felisberto Fernandes da Silva/Largo São Mateus,Vicente Facetta e Benidito Calixto estão operantes e possuem, inclusive, usuários trafegando.
A gestão diz que no caso da Praça da Conquista e Praça 14ª, foi possível identificar, juntamente à empresa, problemas na fibra ótica. “As quais tiveram chamados abertos e possuem previsão de atendimento para ainda esta semana.”
Por fim, a prefeitura afirma que tem buscado formas de viabilizar a expansão do Programa. “Atualmente, já estão em todas as 32 Subprefeituras, porém o Programa tem a intenção contemplar, também, mais bairros da cidade.”
Segundo a SMUL, desde março de 2022, foi autorizada a instalação de 318 antenas de internet em regiões periféricas da cidade, o que poderá ampliar o serviço. “A ação foi resultado de um Termo de Adesão assinado entre a Prefeitura e as empresas de telecomunicação TIM, Telefônica e Claro no ano passado.”
“O compromisso firmado com as operadoras de telefonia previa a instalação de 286 antenas (Estações Rádio Base – ERBs) no prazo de 12 meses nos distritos prioritários. No entanto, o relatório final de acompanhamento do Termo de Adesão apontou que 318 ERBs foram autorizadas nesse período em 28 distritos da periferia.”
E qual a situação do WiFi no seu bairro? Confira os endereços por região de São Paulo e, caso o sinal não funcione, entre em contato com a Agência Mural.
Jornalista, comunicadora visual, mestra em Mídia e Tecnologia e pós-graduada em Processos Didático-Pedagógico para EaD. É correspondente do Jardim Marília desde 2019. Também é cantora de chuveiro, adora audiovisual e é louca por viagens.
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Apaixonado pela escrita, música e audiovisual, é jornalista pela PUC-SP por meio do Prouni, pós-graduando em Gestão de Projetos Culturais pelo Celacc/USP e venceu o 13º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão com a pauta “Brasil sob a fumaça da desinformação”. Correspondente de Pedreira desde 2023.
Jornalista, especializada em direitos humanos. É gateira, tem um relacionamento sério com a comida e ama conhecer novos lugares. Correspondente de Mauá desde 2015.
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Diretor de Treinamento e Dados e cofundador, faz parte da Agência Mural desde 2011. É também formado em História pela USP, tem pós-graduação em jornalismo esportivo e curso técnico em locução para rádio e TV.
Jornalista e pós-graduanda em jornalismo digital e contemporâneo, com trabalhos publicados na Folha, HuffPost Brasil, Revista AzMina, The Intercept, Terra e Agência Pública. Nascida e criada na zona leste, é correspondente de Itaquera desde 2023.
Jornalista em formação, fascinada por arte de rua que me inspira diariamente no quesito adaptação e coletividade. Correspondente do Itaim Paulista desde 2023.
Leonina, de 2001, Brasilândia. Evellyn ou Eve ama muitas coisas, como: shows, doramas, kpop, livros e observar pessoas. Correspondente do Jardim Jaraguá desde 2023.
Repórter da Agência Mural desde 2023 e da rede Report For The World, programa desenvolvido pela The GroundTruth Project. Vencedora de prêmios de jornalismo como MOL, SEBRAE, SIP. Gosta de falar sobre temas diversos e acredita do jornalismo como ferramenta para tornar o planeta melhor.
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