Pessoas e coletivos que têm promovido ações sociais feitas da periferia para periferia que estão ajudando a salvar vidas
Por: Redação
Notícia
Publicado em 16.04.2020 | 18:36 | Alterado em 14.03.2024 | 9:48
Se por um lado muitas famílias periféricas estão passando momentos difíceis desde o início desta pandemia do coronavírus, de outro há também muita gente disposta a ajudar. O “Em Quarentena” foi conhecer iniciativas das periferias que estão fazendo a diferença na quarentena e apresentou algumas delas neste episódio.
“É um esforço de se manter vivo e manter viva todas as necessidades básicas. A gente precisa comer. A gente precisa de remédio e de máscaras”. (ouça a partir de 00:01)
A fala acima que abriu o episódio é da socióloga Mayara, que está a frente da “Rede de Apoio Comunitário das e nas Periferias”, iniciativa que conecta quem quer ajudar com quem precisa de ajuda.
Ingrid, que é da zona norte de São Paulo e também integra a mesma rede que Mayara, falou sobre a ideia. “A gente pensou em fazer uma ‘vacona’ e tentar ajudar essas pessoas que precisam”. (a partir de 00:54)
Ela também explicou como funciona o mapa criado pela rede contendo os endereços onde qualquer pessoa pode doar. São mais de 70 locais cadastrados.
“De repente você quer ajudar alguém, mas não sabe quem. Então você entra no mapa e vê o polo mais próximo da sua casa, e já entra [em contato] com a pessoa ou associação e diz que tem doações. E assim, você já doa para a organização mais próxima à sua casa”. (ouça em 01:11)
Michele é produtora cultural da “Okupação Cultural Coragem”, na zona leste de São Paulo. Lá foi criada a campanha “Quebrada Solidária” com o objetivo de fortalecer a comunidade.
Ela contou que a campanha está sendo bastante procurada. “A gente vem recebendo mensagens de pessoas pedindo cesta básica porque está sem nada, não tem comida, está sem dinheiro, perdeu o emprego e não tem como fazer um corre. Mais do que nunca a gente vê a importância dessas ações”. (em 02:08)
Luana falou sobre a ‘Rede de apoio às Mulheres e Famílias da zona Show’, que fica na zona sul. “A gente está atendendo, até hoje, cerca de 30 famílias muito numerosas, dá um total de aproximadamente 200 pessoas”. (em 02:38)
Ela explicou que a rede entrega cestas básicas, fraldas e até leite, de acordo com a necessidade de cada família. E na porta da casa delas. “Essa semana [entregamos] para uma família de uma mulher que tem 11 filhos. Como que uma mãe de 11 crianças vai sair de um bairro, nas entranhas da zona sul, pegar condução e se deslocar para retirar uma cesta básica?”. (em 02:59)
Valkíria trabalha em uma cooperativa e perdeu sua renda. Ela falou que a esperança é conseguir ajuda por meio de uma campanha do “Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis”, que pode ajudar cerca de 750 famílias.
“É fazer essa arrecadação e tentar fazer com que as cestas básicas ou o que a gente conseguir de apoio, chegue na ponta para os catadores que não têm nenhum tipo de apoio”. (em 03:39)
As ações sociais feitas da periferia para periferia já estão ajudando a salvar vidas. Porém, cumprem um papel que deveria ser do estado.
Mayara, da Rede de Apoio Humanitário, reforçou que essas campanhas, por mais importantes que sejam, não são suficientes para combater os problemas que o coronavírus trouxe para população mais vulnerável.
“Desde que começou a pandemia eu não parei de trabalhar nenhum dia. Trabalho todos os dias muito mais do que trabalhava antes, mas é isso, é como se nadasse contra a maré. São muitas pessoas que me ligam [pedindo ajuda] todos os dias”. (em 04:13)
O rapper Mano G, integra a mesma rede que Mayara e completou que o governo não atua nas periferias como deveria.
“Eu mesmo, neste momento, o que sei de doações são de iniciativas de pessoas que vivem nessas localidades. De pessoas das periferias buscando meios para ajudar o próprio povo da periferia. Porque ajuda de fora mesmo, até o momento, não vi nenhuma de forma efetiva”. (em 04:49)
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #18: Iniciativas solidárias no combate à Covid-19.
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