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Agência de Jornalismo das periferias

Livia Alves/Agência Mural

Por: Livia Alves

Notícia

Publicado em 20.08.2025 | 15:43 | Alterado em 21.08.2025 | 14:42

Tempo de leitura: 3 min(s)

No final de junho, uma professora da Escola Estadual Messias Freire se preparava para a aula, quando não conseguiu acessar a lista de alunos. “Entrei no sistema pra fazer chamada, porque estava fechando as notas, e vi que tinha sido remanejada. Os alunos foram para outra sala”, conta a educadora que pediu para não ter o nome revelado.

No mesmo dia, outras quatro docentes foram afastadas. “Não fui demitida. Meus alunos foram juntados com outra turma”, conta. “Quando fui perguntar [na diretoria] me disseram que não precisava mais ir porque, infelizmente, minha turma estava fechada. Nenhuma professora foi informada ou sequer sentaram pra conversar com cada uma de nós”, lamenta.

A situação do colégio no Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, mostrou-se semelhante à de outras unidades em um movimento realizado pela Seduc (Secretaria Estadual de Educação. Segundo a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo), mais de 50 salas foram fechadas só na zona sul.

Alunos de diversas classes tiveram que unir as turmas @Livia Alves/Agência Mural

A alteração causou reclamações de superlotação. Salas que até então tinham de 18 a 22 alunos passaram a ter de 35 a 40. Apenas depois souberam que a decisão foi da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

A mudança ocorreu perto das férias de julho, o que surpreendeu os pais, como a professora Rosana Galvão, 44, mãe da aluna Daiane, 8, do 2º ano do ensino fundamental na escola estadual Messias Freire.

“Não fomos avisados, minha filha chegou comentando que tinha alunos novos, porque a professora foi demitida”, conta Rosana.

Na ocasião, sete classes foram fechadas sem aviso prévio: cinco do ensino fundamental 1 e duas do ensino fundamental 2. Após a decisão, uma delas foi reaberta.

Assim como Rosana, a funcionária pública Elisabete Aparecida Martins da Silva, 50, também não ficou sabendo da mudança e até agora não recebeu um parecer da instituição.

“Não fomos notificados até agora pela gestão da instituição e temos um grupo onde eles nos notificam sobre tudo que acontece no espaço de ensino. Sou uma mãe ativa, sempre levo e trago meus filhos no portão, ninguém me avisou de nada”, observa.

Além das turmas de crianças e adolescentes, o Estado tem cancelado salas do período noturno a algum tempo @Livia Alves/Agência Mural

Aparecida explica que a comunicação se tornou mais fácil após a entrada de uma professora, que mostrou interesse em ampliar a comunicação entre os pais e professores, por meio de um grupo no WhatsApp. No entanto, a educadora foi desligada após a mudança.

“Agora tiram a nossa tranquilidade, pois era um canal aberto com essa professora, por mais que o colégio não nos informasse de nada, tínhamos uma professora que trazia os pais para dentro do colégio”, lamenta Elisabete.

Os professores

Severino Honorato, 55, professor na rede estadual e parte da coordenação da Apeoesp contou para a Agência Mural que foram surpreendidos com a mudança. “Recebi a informação através de uma das mães e fomos atrás. Ficamos impressionados com a quantidade de salas fechadas numa mesma escola, e pasmem, envolvendo crianças”, conta.

A situação tem gerado protestos de mães, responsáveis e professores da rede estadual.

Segundo Honorato, a modificação feita às vésperas do início das férias escolares afetou a possibilidade de protestos ou reclamações por parte dos alunos, pais e corpo docente.

“Estivemos pessoalmente em nome do sindicato [na Diretoria de Ensino Sul 1] e a resposta da supervisora que nos atendeu informou que a medida é irrevogável, visando economizar gastos e evitar alguma ação de improbidade administrativa por parte da Fazenda Pública, e do Tribunal de Contas.”

Severino, dedica-se na campanha para a recontratação de professores, ele vai na porta da escola conversar com as mães de alunos @Livia Alves/Agência Mural

O sindicato identificou que outras unidades também sofreram com a diminuição de espaços ativos para ensino, mas até o momento, nenhuma perdeu tantas salas quanto a escola Messias Freire.

O que diz a Secretaria de Educação

Questionada pela Mural, a Seduc-SP (Secretaria da Educação de São Paulo) afirma que a movimentação de alunos entre turmas é rotineira e segue normas para garantir a qualidade do ensino.

Diz que, na escola Messias Freire, o redimensionamento foi feito pela baixa frequência em algumas salas e “com o objetivo de otimizar a utilização dos espaços físicos e garantir condições adequadas de aprendizagem para todos os alunos, está passando por um processo de redimensionamento.”

A gestão alega que a medida garante que nenhum aluno fique sem vaga. Durante todo o ano letivo, novas turmas podem ser abertas caso surjam mais estudantes que não possam ser acomodados nas turmas já existentes.

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Livia Alves

Jornalista apaixonada pela cultura brasileira. Pansexual, youtuber e streamer pelo canal LadoPan nas horas vagas. Correspondente do Campo Limpo desde 2021.

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